sexta-feira, 22 de março de 2013

HABEMUS DENGUE!


Esta semana muitos amigos postaram no facebook uma charge interessante. A imagem  relacionava  o  fumacê de combate à dengue à fumaça branca liberada recentemente pela chaminé da Basílica de São Pedro. O anúncio da eleição de um novo Pontífice declamado por  Habemus Papam sendo resignificado por Habemus Dengue!

A semelhança para por aí. A fumaça romana apresenta novidades, um novo Papa, latino-americano, adepto da fraternidade e do combate à pobreza e avesso aos símbolos de ostentação. Já a fumaça tóxica pulverizada em solo brasileiro, anuncia uma continuidade perpetuada há mais de 25 anos que hostiliza a população com dor, sofrimento, medo, desgaste, desânimo, desconforto e óbitos. Uma longa lista de vidas ceifadas que mal sabemos quantificar. As notificações revelam mutações do vírus tipo 1,2,3,4 sem que nestes mais de vinte anos essa evolução frenética fosse interrompida  por uma intervenção estatal comprometida e eficiente.

Vivemos a cada ano o crescimento da epidemia com agravamento dos sintomas em face das comorbidades e da recontaminação. Iniciativas no âmbito da vigilância epidemiológica e sanitária caminham na contramão do processo de erradicação do problema. Faltam investimentos em pesquisa, em campanhas educativas que mobilizem a população, em medidas preventivas voltadas para coleta de lixo, controle dos vetores e divulgação de larvicidas e repelentes naturais, já que há a possibilidade de resistência do mosquito aos larvicidas e inseticidas já existentes.

Lamentavelmente o poder público utiliza seus recursos numa lógica curativa, priorizando uma força tarefa em função de hospitais de campanha, contratações de emergência, centros de hidratação, vagas em unidades intensivas, parcerias com laboratórios particulares etc. Medidas paliativas para suprir os meses de apatia e indiferença ao mosquito  e envolvimento com estádios, praças, shows, campanhas publicitárias e tantas outras superficialidades como se a epidemia fosse erradicada por uma simples ação da natureza.

Sim, Papa Francisco, habemus dengue! Carecemos da intervenção divina, porque habemus dengue, habemus inundações, habemus desmoronamentos e habemus políticos incompetentes. 






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