Esta semana muitos amigos
postaram no facebook uma charge interessante. A imagem relacionava o fumacê
de combate à dengue à fumaça branca liberada recentemente pela chaminé da
Basílica de São Pedro. O anúncio da eleição de um novo Pontífice declamado por Habemus Papam sendo resignificado por Habemus Dengue!
A semelhança para por aí. A fumaça
romana apresenta novidades, um novo Papa, latino-americano, adepto da fraternidade
e do combate à pobreza e avesso aos símbolos de ostentação. Já a fumaça tóxica
pulverizada em solo brasileiro, anuncia uma continuidade perpetuada há mais de 25
anos que hostiliza a população com dor, sofrimento, medo, desgaste, desânimo, desconforto e
óbitos. Uma longa lista de vidas ceifadas que mal sabemos quantificar. As
notificações revelam mutações do vírus tipo 1,2,3,4 sem que nestes mais de vinte anos essa evolução frenética fosse interrompida por uma intervenção
estatal comprometida e eficiente.
Vivemos a cada ano o
crescimento da epidemia com agravamento dos sintomas em face das comorbidades e da recontaminação.
Iniciativas no âmbito da vigilância epidemiológica e sanitária caminham na
contramão do processo de erradicação do problema. Faltam investimentos em
pesquisa, em campanhas educativas que mobilizem a população, em medidas
preventivas voltadas para coleta de lixo, controle dos vetores e divulgação de
larvicidas e repelentes naturais, já que há a possibilidade de resistência do mosquito aos larvicidas e
inseticidas já existentes.
Lamentavelmente
o poder público utiliza seus recursos numa lógica curativa, priorizando uma força
tarefa em função de hospitais de campanha, contratações de emergência, centros
de hidratação, vagas em unidades intensivas, parcerias com laboratórios
particulares etc. Medidas paliativas para suprir os meses de apatia e
indiferença ao mosquito e envolvimento
com estádios, praças, shows, campanhas publicitárias e tantas outras
superficialidades como se a epidemia fosse erradicada por uma simples ação da natureza.
Sim,
Papa Francisco, habemus dengue! Carecemos da intervenção divina, porque habemus
dengue, habemus inundações, habemus desmoronamentos e habemus políticos
incompetentes.
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